Dói dentro de mim ver o quanto a igreja de Cristo, que deveria ser sal e luz, influenciando o mundo por meio das boas obras (palavras de Jesus), as quais foram preparadas por Deus de antemão para a observância dos santos (Ef 2.10), têm cedido a essa doença chamada consumismo, comercializando benesses divinas numa relação custo/benefício, enquanto milhares de pessoas vão dormir com o estômago vazio todos os dias.
"Dai-lhes vós de comer!", disse Jesus. Por isso, muito mais que criticar o comunismo ou o capitalismo, convém que eu, enquanto igreja, alimente estes miseráveis. É disso que o profeta fala em Deuteronômio 15.5, e foi essa a recomendação que Paulo recebeu no primeiro concílio eclesiástico (Gl 2.10). Dicotomizar a missão da igreja (missão espiritual x missão social) só vai contribuir para o agravamento da miséria no mundo. O evangelho é integral!
Falar da missão social da igreja a uma sociedade "cristã" que reza todos os dias pela cartilha do capitalismo é uma missão difícil e árdua. A consciência evangélica, de um modo geral, está embotada para esta realidade, e só Deus pode despertá-la.
Há vários perigos que cercam a igreja. As heresias são um deles. O outro, muito mais sutil, é a ortodoxia em detrimento da ortopraxia, a crença politicamente correta que nada produz. Precisamos manter nosso coração livre de ambas, se quisermos ser relevantes em nossa missão.
Postado por Leonardo Gonçalves, editor do Púlpito Cristão, em resposta ao amigo Daniel Grubba, em debate sobre a fome no mundo.